Por: JCS
Duas araras-canindé foram localizas na cidade de Ipeúna (SP), transformando o achado em um evento para os moradores. Essas aves não comuns nesta região, portanto, o administrador de empresar Tadeu Fischer, aproveitou a rara oportunidade para registrar várias imagens do casal, as imagens além de trazerem conhecimento sobre a espécie, foram uma forma de mostrar o trabalho de um projeto que luta para preservar esta espécie vítima do comércio ilegal.
Tadeu observou as duas araras em uma árvore e rapidamente pegou sua câmera para registrar as imagens, assim, ao divulgar nas redes sociais ele teve uma surpresa. “De início achei que fossem um casal. Nesse momento, segui toda a trajetória delas e continuei por vários dias. Pelas cores, deu pra saber que eram araras-canindé. A identificação de que era mãe e filhote veio um tempo depois analisando as fotos”, disse.
Para identificar a origem destas aves Fischer procurou o Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS) Pró Arara, na cidade de Araras, e o biólogo Fernando Magnani, que tem um trabalho de mais de 15 anos com projetos de recuperação de biodiversidade no estado de São Paulo o atendeu.
O CRAS tem uma ligação com o Instituto Brasileiro de Proteção à Natureza, e são parceiros responsáveis pela reabilitação, treinamento e soltura de forma branda na natureza de animais que foram vítimas do tráfico e dos maus-tratos.
As duas araras que Tadeu fotografou eram resultantes deste trabalho de resgate do CRAS. “Vimos um princípio de numeração de anilha e, por conta desses números, soubemos o fato mais relevante: a arara era proveniente do tráfico, havia sido resgatada e reabilitada, foi solta em 2018 e agora vivia livre na cidade”, afirmou Magnani.
Por mais de 100 anos, as araras-canindé foram consideradas extintas no município de Araras, realidade que só mudou com as ações dos pesquisadores do CRAS em 2015.
A presença destas duas aves em Ipeúna é uma excelente notícia, afinal elas viajaram 50 km desde o local onde foram soltas inicialmente, distância relativamente comum para esta espécie que tem uma grande resistência para voos demorados. O bom deste encontro foi saber que a ave menor é um filhote da outra arara, o que indica que ela está naturalmente se reproduzindo.
“Esse animal, depois de passar tudo o que passou (de ser retirado da natureza ainda filhote, separado dos pais, de viver em cativeiro por vários anos), soube regressar à natureza e entender exatamente o que fazer: procurar um parceiro, um local seguro para o ninho, ter um filhote e continuar os cuidados com ele”, disse o biólogo Fernando Magnani.
“A captura dessa imagem tem duas finalidades importantes: a educação da população sobre a importância de conservar o ambiente ou tentar recuperá-lo e a recompensa pelo trabalho do projeto de receber o animal, fazer a aclimatação e o treinamento para a vida na natureza – (Fernando Magnani – Biólogo)
Fischer também teve a felicidade de ser uma testemunha ocular do resultado dos trabalhos feitos com as araras ao registrar as imagens. “Vejo a fotografia como uma forma de evidenciar uma situação ou um resultado para facilitar análises e planejamentos. Talvez o mais importante é a motivação de evoluir no trabalho futuro, tanto do fotógrafo quanto da área de pesquisa que cuida e reintroduz as araras na natureza”, disse.
Veja que imagens interessantes:
Com informações: G1
Imagens: Tadeu Fischer/Acervo Pessoal