Por: JCS
O jovem Gustavo Dias Azevedo, engenheiro e pesquisador da UFRJ, teve uma de suas postagens viralizadas nas redes sociais quando rejeitou uma proposta milionária por suas descobertas na tese de doutorado, pois ela favoreceria a vida de milhares de mulheres com custo muito baixo.
Duas semanas depois que eu defendi meu doutorado, recebi uma proposta de uma empresa para produzir as minhas bolinhas (aquelas que incham e matam tumores vascularizados) em escala industrial. Neguei. Recebi críticas, dizendo que eu não teria outra oportunidade como essa. +
— Gustavo Dias (@gdiasaz) October 17, 2019
Em sua tese, o engenheiro químico demonstrou em seu trabalho a manipulação de micropartículas para eliminar tumores vascularizados, como o mioma ( são tumores sólidos benignos formados por tecido muscular e fibroso que se desenvolvem no útero). Os laboratórios farmacêuticos, quando descobriram o trabalho de Gustavo, cresceram os olhos, e foram à procura do jovem engenheiro, querendo uma “Parceria” e assim produzir em larga escala o novo tratamento e, deterem o mecanismo de combate.
Gustavo sonha com o bem da população, e assim recusou a proposta. “Ao aceitar a proposta, duas coisas aconteceriam: 1) O monopólio de produção das bolinhas seria exclusivo da empresa. Como ainda não há patente, eu não ganharia nada por isso; 2) Porque a empresa iria possuir o monopólio de produção, o preço seria definido exclusivamente por ela“, afirmou em seu Twitter.
O pesquisador ainda disse que: a produção das micropartículas seria de BAIXO CUSTO, e que a tecnologia deveria ser ESTENDIDA ao SUS (Sistema Único de Saúde). Gustavo afirmou ainda que com um baixo custo e investimento conseguiria realizar a embolização de TODO O NOSSO PAÍS.
O estudo também propõe uma outra proposta. Seria um grande facilitador para as mulheres, que, em casos de miomas, são sempre diagnosticadas à histerectomia (remoção do útero). Conforme Gustavo, a maior parte da comunidade médica – em especial os cirurgiões responsáveis pela histerectomia – recusariam o novo tratamento.
“No Brasil, a maioria das mulheres que desenvolvem miomas são negras e pobres e sequer tem um diagnóstico adequado. Ou seja, quem poderia pagar por essas bolinhas? As mesmas que podem pagar por um plano de saúde”, concluiu o engenheiro e professor de Química.
“Graças à universidade pública, eu pude pesquisar aquilo que fazia meu coração bater mais forte, colocando meus princípios em primeiro lugar. Hoje, meu sonho é que essas bolinhas cheguem ao SUS para que todas e todos tenham acesso a esse tratamento”.
Veja alguns comentários e reação das pessoas em seu Twitter:
Duas semanas depois que eu defendi meu doutorado, recebi uma proposta de uma empresa para produzir as minhas bolinhas (aquelas que incham e matam tumores vascularizados) em escala industrial. Neguei. Recebi críticas, dizendo que eu não teria outra oportunidade como essa. +
— Gustavo Dias (@gdiasaz) October 17, 2019
Parabéns pela sua atitude! Eu acredito num país melhor e acredito que ainda existem pessoas como você.
Que Deus continue te abençoando e te dando sabedoria para nunca se render aos "encantos" do capitalismo selvagem. Tenho mioma e preciso operar e ainda não consegui.— NIDIA VIGINIA SANTOS (@VirginiaNidia) October 19, 2019
Dá orgulho saber que há brasileiros como você. Reacende em mim a esperança de que ainda há jeito para esse país. ??
— João Figuer (@JoaoFiguer) October 19, 2019
Tenha toda minha admiração, primeiramente pela criação, mas primacialmente por pensar com seu cérebro e não com sua conta bancária. Ver o quanto é necessário e que a empresa simplesmente poderia não fazer como o seus objetivos e pensar em distribuir gratuitamente, já te faz rico.
— ????? (@MariangelaCeru2) October 18, 2019
Ler sua narrativa, especialmente hoje que encontro-me depressiva, encheu-me o coração de esperança no homem, na humanidade. E, com todas essas manifestações, veja que não está só. Não permita que destruam suas convicções e capacidade amorosa com a profissão. ?
— alda canabarra (@ACanabarra) October 18, 2019
Com informações: hypeness