A aparição da síndrome do avô escravo se deve, em grande parte, às mudanças que a estrutura familiar sofreu nas últimas décadas. Com a incorporação da mulher ao mercado de trabalho e o aumento da expectativa de vida, existem cada vez mais idosos que se ocupam dos netos em tempo integral. Isso, em parte, facilita muito a famosa e difícil conciliação entre a vida profissional e familiar dos pais.
Mas onde estão os limites? Temos que saber respeitar o espaço dos avôs. Não podemos esquecer que eles já fizeram sua parte no que diz respeito à criação da família e essa parte da vida.
A aposentadoria é um momento de libertação. Uma época em que podemos finalmente aproveitar o tempo livre. Dessa forma, depois de uma vida dedicada ao trabalho, celebramos porque por fim podemos nos dedicar ao ócio e aos nossos outros interesses. Mas o que está acontecendo nos dias de hoje?
Segundo Colubi e Sancho (2016), a síndrome do avô escravo dá lugar a um conjunto de sintomas psicológicos e físicos que os idosos estão sofrendo como consequência das mudanças sociais. Esse conjunto de sintomas também tem consequências em diferentes planos, começando pelo físico.
Até que ponto o papel dos avós nas famílias é importante? Dada a confusa época em que vivemos, e isso já faz alguns anos, o apoio das pessoas idosas tem sido e é um pilar fundamental para diminuir o impacto social da crise nas famílias. Esse apoio se dá de diversas maneiras:
“A velhice existe quando começamos a dizer: nunca me senti tão jovem”.
-Jules Renard-
Colocado tudo isso, em muitas ocasiões se desenvolve uma dinâmica na qual os avós ficam sobrecarregados. Isso dá lugar à síndrome do avô escravo. Por isso, é necessário saber definir limites para não chegar ao abuso.
Nas palavras de Doldevilla, o que a priori poderia ser uma eficaz e terapêutica fórmula de enriquecimento para uns e outros tem, em muitos casos, um fundo onde o que a princípio é só bondade se aproxima mais de modos modernos de escravidão que utilizam os laços afetivos como grades de uma cadeia. (Soldevilla, 2008)
Por outro lado, a síndrome do avô escravo não é enfrentada por causa da ideia de que o cuidado dos netos e os laços que se criam com eles por causa desse cuidado têm efeitos muito benéficos. Entre eles, Triadó et al. (2008) lista:
No entanto, se olharmos bem para essa relação, ela também tem inconvenientes e efeitos negativos. Triadó et al. (2008) lista:
Lembremos que os avós não têm a mesma energia e capacidade de quando eram nossos pais. Na velhice podem aparecer, por exemplo, limitações físicas. Por isso, é necessário definir limites e organizar uma rotina na qual haja um espaço para que eles possam gerir suas vidas sem considerar as necessidades dos filhos e dos netos. Dito de outro modo, os avós também são pessoas com interesses próprios que devem ter espaço. Isso influencia não apenas a felicidade dos avós, mas também dos netos de maneira indireta.
É necessário ter espaço para as aspirações, os planos para o futuro, as preferências… Sua opinião, ainda que possa ser um pouco desatualizada no que diz respeito ao que acontece hoje em dia, sempre vai ser respaldada pelo valor da experiência, em especial no que diz respeito ao ser humano, onde a sociedade não mudou tanto. Em todo caso, avós não devem se sentir obrigados a renunciar à própria vida para cuidar dos netos.
Por isso, uma boa organização e distribuição de tarefas é fundamental. Um planejamento que permita que os pais se organizem e contem com os avós, mas unicamente quando for estritamente necessário ou quando os avós assim o quiserem. São avós, mas são eles que, em última instância, têm o direito de decidir como querem desempenhar esse papel.
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