Por: JCS
“Tinha um aparelho que esquentava tão rápido que eu precisava colocar no congelador. Em outros eu só conseguia usar parte da tela.”
Ele diz que teve uma experiência de “relacionamentos problemáticos” com os vários celulares que usou durante sua adolescência – pois eram os únicos que o orçamento familiar conseguia pagar.
As muitas “gambiarras” que ele fez para os celulares funcionarem e a grande perseverança fizeram com que o jovem paraense desafiasse a lógica e a pobreza: Ele se transformou em uma AUTODIDATA em programação, assim, com 17 anos, foi disputado por grandes empresas de tecnologia do Brasil após um tuíte seu viralizar diante de profissionais da área no finalzinho de 2020.
“Eu estava pedindo ajuda para comprar um computador celular melhorzinho porque, para variar, o que eu estava usando tinha quebrado,” disse à BBC News Brasil.
Uma vaquinha viral
Em poucos dias, a thread teve mais de 90 mil curtidas e 20 mil compartilhamentos, o que também impulsionou as pessoas a fazerem várias doações para ele. Assim, a visibilidade do caso despertou o interesse de várias empresas no jovem programador paraense.
Várias empresas do setor de tecnologia entraram em contato com ele, inclusive a Picpay, empresa de pagamentos eletrônicos com sede em Vitória (ES), que, inclusive, era usada por Pauxis na vaquinha virtual.
“Aprender programação do zero, nas condições que o Cezar tinha, é muito difícil. Quando ele contou sua história no Twitter, a comunidade tech passou a acompanhar,” disse o diretor técnico da Picpay, Diogo Carneiro.
Fazer programação em um celular é bem difícil a começar pelo tamanho muito reduzido da tela, também é necessário digitar muito, sendo que o teclado do celular não ajuda, isso já é desconfortável em um PC normal, quanto mais em um celular.
O Jovem foi contratado em 1º de março pela empresa Picpay, na função de desenvolvedor. Trabalha online em casa, em Belém. Cesar mora sozinho em um apartamento, e sua família se mudou há alguns anos para uma cidadezinha chamada Carutapera, interior do Maranhão.
Sua história correu pelo Brasil todo e por vários países. Tanto que o site brasileiro Razões para Acreditar, que organiza várias vakinhas de doações resolveu abraçar a sua causa.
Fizeram uma vaquinha que arrecadou mais de R$ 80.000, que deverá ser utilizada para terminar de construir a casa em que seus pais vivem.
“A gente não tinha condições financeiras para achar uma casa pronta, então precisou viver em uma inacabada”, disse Pauxis, que pretende usar parte dessa verba para fazer um bom curso de programação.
Pauxis foi contratado pela PicPay, uma das maiores empresas de pagamentos digitais do Brasil. — Foto: Picpay via BBC
Ele aprendeu a ler aos três anos, aos 14 começou a se interessar pelos “bots”, aplicações autônomas que rodam na internet enquanto desempenham algum tipo de tarefa pré-determinada.
Assim ele procurava informações nos grupos do Telegram, sempre com celulares usados, e ali encontrava informações em comunidades de programadores.
“A última vez que tive computador em casa foi aos cinco, seis anos de idade”, disse.
“Então, tive que usar o celular. As pessoas com quem conversava me avisaram do quanto era difícil programar em celular, mas a minha curiosidade era maior.”
Um dos obstáculos que encontrou na programação via celular, foi as falhas que aconteciam nos aparelhos, assim, várias vezes perdeu todo o trabalho que executava, o que fazia com que ele perdesse vários meses de trabalho.
“Era muito desmotivador quando isso acontecia. Só que eu nunca pensei em desistir.”
Mesmo assim ele conseguiu montar dois bots para o Telegram que respondia a pesquisas. Pauxis, nunca quis pedir ajuda financeira aos contatos que fez online. Por anos não quis tornar pública a sua história.
“Eu tinha e ainda tenho muito medo de as pessoas me interpretarem mal e acharem que eu estou tentando me vitimizar”, afirmou.
“Tenho criado projetos com programação todos esses anos sempre somente em celulares quebrados. Mas é o que eu amo fazer e sempre fiz de graça simplesmente para poder ajudar os usuários, por isso relutei em pedir doações ou cobrar pelo serviço.”
“Eu gosto da ideia de inspirar e motivar outras pessoas a não desistir. Queria que elas vissem também que a gente não precisa de muita coisa para seguir um sonho.”
“Muita gente tem celulares ou outros equipamentos que às vezes estão largados em alguma gaveta. Elas poderiam doar esses equipamentos, pois isso pode ajudar demais quem precisa,” concluiu.
Com informações: G1
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