Ciência

Estudo preliminar feito pela USP indica benefícios do própolis no tratamento do Covid-19

Por: JCS

Conforme pesquisa publicada no site da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto, verificou-se que o uso da própolis pode diminuir pela metade o tempo de internação de pacientes infectados com a Covid-19 e ajuda a reduzir lesões renais e inflamações.

Própolis foi uma substância colhida das abelhas – que é conhecida por apresentar propriedades antivirais, anti-inflamatórias, imunorreguladoras, antiproteinúricas e antioxidantes – esta substância foi usada em um pequeno ensaio clínico com 124 pacientes que estavam hospitalizados Hospital São Rafael, em Salvador, Bahia.

A pesquisa foi liderada pelo pesquisador Marcelo Silveira, o trabalho não foi um tratamento preventivo da doença, mas corretivo, uma vez que todos os pacientes já estavam contaminados com a Covid-19.

Como foi feito?

Do grupo de 124 pacientes estudados, 40 pessoas receberam 400 mg/dia de própolis; 42 receberam 800mg/dia de própolis e 42 não receberam própolis.

O resultado foi que os que não receberam própolis ficaram 12 dias internados, aqueles pacientes que receberam a substância via oral, o tempo médio em que ficaram hospitalizados foi de seis a sete dias internados.

Portanto, os pesquisadores acreditam que o tempo de internação foi reduzido devido à própolis poder interferir em uma proteína que está envolvida no processo de entrada e disseminação do vírus no corpo, assim como na ancoragem do vírus na proteína que auxilia sua entrada nas células.

Redução nas lesões renais

O estudo também observou que houve uma diminuição de lesões renais entre os pacientes que ingeriram 800 mg por dia. Assim, o grupo de controle apresentou 23,8% de lesões, contra 4,00% entre aqueles que ingeriram a maior dosagem de própolis. Lesões renais podem ser um fator de risco para os infectados com o Sars-Cov-2.

“A administração oral da substância foi segura, pois não houve eventos negativos associados ao uso. Além disso, a diminuição do tempo de internação após a intervenção foi significativa. O grupo controle, que não ingeriu própolis, ficou 12 dias hospitalizado após o início do tratamento. Já os grupos que receberam doses mais baixas e mais altas ficaram, respectivamente, 7 e 6 dias internados”, informou o professor David de Jong da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP e um dos autores do estudo.

Diminuição nas Inflamações

“Outro ponto importante de destaque na pesquisa é que as propriedades da própolis podem ajudar a reduzir os processos inflamatórios por inibição da PAK1, que está associada a uma maior necessidade de cuidados intensivos e com altas taxas de mortalidade”, disse David.

Na pesquisa foi utilizado uma própolis padronizada, feita pela Apis Flora de Ribeirão Preto, que tem própolis verde, química e biologicamente reprodutível e única no mercado nacional e internacional.

“A própolis EPP-AF(R) possui patente já concedida, segurança e eficácia comprovada, com ausência de interação significativa com medicamentos em estudos clínicos, e assim, não tem qualquer risco”, garantiu Andresa Berretta, gerente de P&D da Apis Flora e responsável pela padronização do produto

Mais estudos virão

Conforme os pesquisadores, será realizado um novo ensaio clínico duplo cego com placebo, com um grupo bem maior de pacientes.

“Também iremos fazer análises de outros parâmetros, incluindo os anticorpos contra o vírus desenvolvidos pelo paciente. Além disso, o conhecimento adquirido através desta pesquisa abre perspectiva do uso do EPP-AF em outras doenças com potencial inflamatório”, disse David, que é docente da FMRP.
Atenção

Os resultados, publicados como preprint (pré-publicação) em janeiro na MedRxiv, ainda não foram revisados por pares e, por isso, não devem ser usados para orientar a prática clínica.

O estudo contou com a autoria de pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMR), Instituto D’Or de Pesquisa e Educação (IDOR), Instituto Gonçalo Moniz (Fiocruz Bahia), Hospital São Rafael e da empresa Apis Flora.

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